A violência que
todos os anos vitima milhares de crianças e adolescentes no Brasil continuam a
crescer. É o que demonstra o Mapa da Violência 2012, um amplo estudo realizado
pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil) e pelo
Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (CEBELA). De acordo com o
documento, divulgado recentemente, só em 2010 foram assassinados 8.686 crianças
e adolescentes com idade até 19 anos no Brasil: ou seja, em média, um por hora.
Mais de 90% das vítimas eram do sexo masculino. Com esses números, o Brasil ocupa a
quarta pior colocação entre 99 países pesquisados. Apenas El Salvador,
Venezuela e Trinidad e Tobago têm taxas de violência superiores. O estudo revela também que na primeira metade da
década de 2000 houve uma queda nas taxas de mortalidade, mas o movimento se
inverteu a partir de 2006, quando os números voltaram a crescer rapidamente.
Naquele ano, a taxa de homicídios foi de 11,2 assassinatos para cada cem mil
crianças e adolescentes. Em 2010, foi de 13,8, um crescimento de 23%. Ao longo
da década, a situação se agravou na maioria dos estados do Brasil,
principalmente na Bahia (onde o número de assassinatos cresceu 480%), no Pará
(crescimento de 370%) e no Rio Grande do Norte (aumento de 345%). Por sua vez,
os índices caíram principalmente em São Paulo (em 2010 houve 78% menos
homicídios em comparação com 2000), Roraima (queda de 47%) e Rio de Janeiro
(diminuição de 37%). Em termos
percentuais, os estados onde foi maior a violência contra crianças e
adolescentes em 2010 são Alagoas (34,8 mortes a cada cem mil), Espírito Santo
(33,8) e Bahia (23,8). O município brasileiro onde a violência foi maior é
Simões Filho (BA): taxa de 134,4. O
estudo também demonstra que, enquanto caíram as taxas de mortes de crianças e
adolescentes por causas naturais, aumentaram as fatalidades ocasionadas não só
por assassinatos, mas também por acidentes de trânsito. O aumento médio ao
longo da década foi de 7%. No entanto, o número de vítimas com menos de um ano
de idade cresceu 61,4%; daquelas com 18 anos, aumentou 50,8% e das pessoas com
19 anos, 71,7%.
Por Moisés Nazário